Desconstruído

É isto. Um emaranhado de peças que não parecem encaixar. Quem sou? Donde venho? Para onde vou? Durante sete anos tudo parecia fazer sentido. Nós fazíamos sentido, um amor a dois. A saudade que rasga, esta manta de retalhos, que todos os dias se esforça por tentar cicatrizar feridas que teimam em não sarar. Apetece-me gritar, deitar para fora o que calo consistentemente. Sinto o coração a bater mas não sinto vida em mim. O tempo não espera por nós. Espero por mim e enquanto dura a espera anseio saber se estarás para mim no dia em que correr para ti.

Estremecido

Acordo em sobressalto, madrugada sim, madrugada sim. Um sentido de vazio, de não pertença, saudade, raiva, ressabiamento. Oco, sinto-me oco. São quatro e meia. Relembro-te(nos). Amar também é saber deixar. Mas a que preço... Já não consigo dormir. Agarro-me à leitura. Os apegos ou a sua falta quando em tenra idade os temos ou deles somos privados ou outra coisa qualquer e o quanto esse tão pequeno pormenor traça ou risca o que estamos para ser, aquilo que somos ou não. E, cansado, volto a adormecer. Um par de horas depois volto a acordar. Estremecido.

Final

Chegou ao fim (dia). Entre outras, a sensação de ter justificado o ordenado. Percorre-me uma sensação de vazio assim que o carro se estanca na garagem. Fecho os olhos. Lembro-nos. Aperta-se-me a garganta. Deixo-me estar. Pergunto-me por que continuar. Para quê? Este vazio que sobra... Até quando? Ganho coragem, porque é dela que vou sobrevivendo, e sigo e subo e fecho as persianas e volto a subir e volto a fazê-lo. Dispo um corpo que muda todos os dias. Que sente falta de ser tocado e de ser sentido. A água afaga-o. É bom. Menos do que precisa. Mas bom. Deixo-o embriagar-se. Relaxo.

Recomeço

Mais um. Menos um. Nunca saberemos a verdade das contas. Sinto o peito a arder e ao mesmo tempo prostrado com o que se segue deste dia. Um vazio na barriga. Uma recordação do que fomos. Uma tristeza teima em não passar. Uma situação que perdura. Coragem, quero convencer-me que é o quanto baste. Pergunto-me sem achar respostas. Sinto a bomba a trabalhar. Até quando?

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