Chegou ao fim (dia). Entre outras, a sensação de ter justificado o ordenado. Percorre-me uma sensação de vazio assim que o carro se estanca na garagem. Fecho os olhos. Lembro-nos. Aperta-se-me a garganta. Deixo-me estar. Pergunto-me por que continuar. Para quê? Este vazio que sobra... Até quando? Ganho coragem, porque é dela que vou sobrevivendo, e sigo e subo e fecho as persianas e volto a subir e volto a fazê-lo. Dispo um corpo que muda todos os dias. Que sente falta de ser tocado e de ser sentido. A água afaga-o. É bom. Menos do que precisa. Mas bom. Deixo-o embriagar-se. Relaxo. No final, a toalha, que ainda carrega perfume do amaciador, abraça-o. É bom, mas bem menos do que lhe é devido. Visto-me. Deito-me. Ligo a TV. Escrevo, para não me esquecer de quem nunca esquecerei.
9 Mar 2023